6/12/2007

EU E ELE

Cueca e camiseta Hering branca, com as mangas cortadas. Assim eu gosto de vê-lo, todos os dias, ao meu lado, vindo para a cama, ou levantando-se dela.
Flores pela casa. Incenso aceso perfumando o ambiente, depois de um dia estafante e neurótico. Tanto cuidado, tanto detalhe me inibe e me comove.

Olhar para ele, pensar sobre ele. Vê-lo vestir-se e despir-se a cada dia, fazer a barba, pentear o cabelo. O jeito como cuida de si, o creme que passa no corpo, a satisfação ao vestir uma blusa nova, o olhar de admiração por si mesmo. O brilho nos olhos quando me beija. O jeito como fala das coisas que gosta, sua postura diante da vida, a facilidade de lidar com as coisas do mundo, desenvoltura que seus 44 anos lhe deram como recompensa. Tudo isso me assusta, me inibe e ao mesmo tempo alimenta minha alma, ele é imenso demais para caber dentro de mim.


Ele é tão imenso que as vezes acho que transborda pela minha boca, transpira pela minha pele, escorre pela minha face.
Nada que eu faça consegue tomar a dimensão do que ele merece, ou faz, ou representa para mim.Tudo é pouco, pequeno, insuficiente para mostrar o quanto eu o amo, o quanto eu o quero na minha vida, o que ele significa para mim.


Queria deixar pétalas de flores em sua cama todos os dias. Levar café para ele na cama, fazer uma dança sensual, espalhar cartazes pela casa dizendo o quanto ele é importante para que eu continue existindo.


Depois dele, todos os projetos, todos os sonhos e conquistas individuais, todos os planejamentos de vida, de carreira, viagens, viraram segundo ou até terceiro plano. Antes de tudo, de mim e de qualquer coisa, vem ele.


Mesmo que eu lute, que eu negue, que eu não queira e minta para mim mesma todos os dias dizendo que sou senhora do meu destino, nada disso procede, porque durmo e acordo pensando nele, vivendo para ele e por ele.


E por mais que pareça insano e às vezes triste e até covarde de minha parte, esta entrega total da minha vida nas mãos dele, eu não consigo mudar isso. Não tenho controle sobre minhas decisões. Eu simplesmente sigo fazendo o que for preciso para tê-lo sempre comigo.