7/29/2006

Corcovado

Antonio Carlos Jobim

Um cantinho, um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz
A quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor
Que lindo!
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente desse mundo
Ao encontrar você
Eu conheci
O que é felicidade
Meu amor
(JCF)

7/28/2006

Meu irmão, o Pierre escreveu

JARBAS E SILVIA

Ah, essa vida bandida. Conheci o Mr. Capusso numa madrugada no La Barca, ele abstêmio enquanto eu o Kim e o Mário bebiamos. Foi "amor a primeira vista", fiquei pensando: Esse cara não bebe e fala merda no bar, gente boa.Depois comecei a ler o blog da figura, fui assistir suas peças e vi um curta metragem do maluco. Meu Brother é multimidia. Nas conversas descobri que temos as afinidades de quem viveu na quebrada, fez merda e fez coisas boas. Nós amamos as mulheres, amamos a bossa nova e ele sabe fazer poesia.Agora, puta coincidência, estamos bem acompanhados; no caso dele, também no ciberespaço. Como diria o poeta, poetinha pros íntimos: Que seja eterno enquanto dure!

O CEGO E A BAILARINA

Ei, bailarina
Gosto
À luz de velas
Procurar
Obstinado & cego
Tatear
Ler teu corpo
No escuro do quarto
Em
Teus beijos
Chegar
Nas
Tuas coxas
Me guiar!

(JCF)



Dindi
Tom Jobim

Céu, tão grande é o céu
E bandos de nuvens que passam ligeiras]
Prá onde elas vão, ah, eu não sei, não sei
E o vento que fala das folhas
Contando as histórias que são de ninguém
Mas que são minhas e de você também
Ai, Dindí
Se soubesses o bem que eu te quero
O mundo seria, Dindí, tudo, Dindí, lindo, Dindí
Ai, Dindí
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindí
Olha, Dindí, fica, Dindí
E as águas desse rio
Onde vão, eu não sei
A minha vida inteira, esperei, esperei por vo...cê, Dindí
Que é a coisa mais linda que existe
É você não existe, Dindí

(JCF)

Carta e Agradecimento


Anna, eu e Jarbas nos emocionamos muito com seu presente e sua carta. Você sabe o quanto! Mas esse sentimento é tão grande, que decidimos compartilhar a beleza do seu gesto, com todas as pessoas que por aqui passarem. Sei que vai gostar, afinal, pensamos muito parecido: o amor é generoso! Então, que todos os que lerem este carta se alegrem com este encontro e venham se juntar a nós. Um beijo e um xêro, nêga!


Queridos Sílvia e Jarbas,

Este “mistura e manda” nasceu porque acompanho o blog do Jarbas, há algum tempo, e testemunhei um processo espantoso. Do poeta às vezes amargo, irado, sofrido, todo “uivos latidos e fúria”, surge um apaixonado. E um apaixonado que, certo dia, escreve sobre azul celeste, em letras brancas (como um avião da esquadrilha da fumaça), “Deus Existe!”. O poeta estava feliz!
A partir daí virei torcedora do time Sílvia / Jarbas e percebi que, quando não havia palavras para expressar o carinho que une vocês, vinham as letras de música. Confesso, estou cansada do mal-amor. Assistir o encontro de duas pessoas sensíveis, bonitas, que aos poucos vão deixando para trás as tralhas da tristeza e da solidão, me fez muito feliz, também. Escolhi um pouco do que gosto de bossa nova e fui montando alguma coisa que terá para vocês (se vocês gostarem) um sentido diferente do que tem para mim. Música tem dessas coisas: fala apenas para a alma de quem ouve. Brejeiro – um chorinho –, por exemplo, parece muito com o Jarbas indo ou voltando do Rio. Todo lampeiro, feliz da vida. E a Sílvia ficando, ou vindo. Dançando miudinho a alegria do encontro. Então, essa coletânea é o modo de eu agradecer a ambos por investirem neste amor bonito e bem amado e deixar que ele apareça para o mundo. E de desejar que ele permaneça com vocês. Porque ele é todo poderoso e EXISTE!

Um grande abraço

Anna



7/27/2006

RENASCIMENTO

Tentou segurar, mas escorria-lhe pelos dedos. O tempo. Sempre tão curto quando estão lado a lado.
Recusou-se a dormir àquela noite. Éra domingo. Não demoraria muito, e o gel, escova de dentes e o barbeador dele, logo voltariam para a bolsa de onde vieram. Sua calça pendurada na cadeira da sala, seus cd´s, chaves, moedas, carteira e celular, estariam cuidadosamente arrumados, preparados para voltar ao seu lugar de origem.
E tudo o que restaria seria a sombra da sua imagem de pé, de bermuda e sem camisa, lavando a louça do almoço... fazendo café para ela fumar seu cigarro de sempre. O digestivo. O botão de start que ativa a máquina inquieta que é seu pensamento.
Ficou ali olhando pra ele, sentindo o ar que lhe saía das narinas e soprava em seu rosto. Respirou fundo. Queria aquele ar em seus pulmões. Olhou o rosto dele cansado, marcado pelo tempo. "O mundo podia acabar assim." - pensou - "Numa grande cama, o sol entrando pela janela, todos dormindo ao lado das pessoas que amam, zelando pelo seu sono..."
Pensou melhor, mudou de idéia. O mundo não podia acabar. Afinal, ele tinha justamente acabado de começar. Ali, naquele momento!
Se a primeira coisa que fazemos na vida é inspirar e a segunda é chorar, ali estava a sua chance de nascer de novo, inspirando o ar dos pulmões daquele homem que dormia em seus braços e derramando lágrimas, de plena felicidade.

(Silvia de Almeida)

7/26/2006

O ABRAÇO CERTO




Foi mais que um abraço. Ele estava esperando por aquilo há muito tempo. Sabia que não ia ser uma coisa clichezona. Nada disso. Na viagem toda, por incrível que pareça, ele estava calmo. Justo ele, o sujeito mais pilhado do ocidente, calmo. Levou um livro e jornal. Ao seu lado, sentou um cara com a filhinha no colo. Ela devia ter uns oito anos. Muito pequena e muito linda. Fez a viagem no colo do pai e vomitou. Algumas vezes. Ele já esperava por isso. Enquanto o ônibus comia o asfalto, pensava na medida da sua loucura. Ele ainda ouvia a voz da sua irmã: você tem que ir!. Quando você comete muita loucura numa encarnação só, acaba perdendo um pouco o senso. Banalizar a loucura é perigoso. Então, foi bom ouvir aquilo. E ele foi. Arrumou a bolsa pruns dias e foi. Quando chegou, ficou no lugar combinado. Tranqüilo. Ela encostou o carro e ele entrou. Abraçaram-se o abraço esperado. Nem mais, nem menos. O abraço certo. Na manhã seguinte, acordou bem cedo. Umas sete da manhã. A janela do quarto, no alto, dava pra ver o azul do céu e os girassóis. O quarto estava repleto de uma luminosidade calma, serena. O chão do quarto estava coberto por girassóis. Eles entravam pela janela com a brisa do mar. Eles vinham por causa dela. Sabiam o caminho. E ela dormia no seu peito. Num abraço de encontro. Nesse momento, percebeu o óbvio. Às vezes, pode-se levar uma vida toda para se dar o abraço certo.

(JCF)